Saudade infinita

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Porque partiste?

Porque tiveste de ser tu a partir?

Porque tive que ser privado de ti? Da tua companhia, do teu carinho, do teu amor, do teu aconchego?

Perguntas para as quais nĂŁo consigo encontrar respostas, pelo menos respostas que me confortem e que justifiquem a tua precoce partida. Que justificação poderĂĄ haver para uma ausĂȘncia que no seu lugar apenas deixa dor, sofrimento e incompreensĂŁo?

Haverå porventura, amor maior do que o amor de uma mãe? Dizem-me que não. Sinceramente não sei, porque não o tive em tempo suficiente, porque me foi roubado em criança. Tal como me foram roubadas as memórias e as recordaçÔes. Restam apenas fragmentos nebulosos. E dor.

Como é que se explica a uma criança, de 9 anos, que não voltarå mais a ver a sua mãe? Que terå que enfrentar o mundo, indefeso, sozinho, fragilizado. Que nunca mais terå o seu porto de abrigo, o seu rochedo.

Esta ausĂȘncia que nunca, mas nunca, se preenche, antes se expande e contamina o nosso subconsciente, marca-nos para a vida. Retira-nos a parte mais importante do nosso crescimento, mexe bem lĂĄ no fundo, com os nossos sentimentos, abala todos os pilares que a sociedade nos ensina e procura consolidar. Alguns nĂŁo foram abalados, foram literalmente obliterados, confesso.

Senti-me compelido a criar uma carapaça que me protegesse do mundo exterior. Se me tornou mais forte? Talvez sim, para quem vĂȘ apenas o exterior, porque lĂĄ dentro tudo permanece imutĂĄvel, cristalizado desde o momento da partida. À espera de respostas, Ă  espera de um dia conseguir reunir-me contigo e voltar a preencher o vazio da tua ausĂȘncia.

Tenho a certeza de que onde quer que estejas, me estås a seguir, porque quando olho o céu, uma estrela brilha mais do que todas as outras.

Saudade infinita.

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