O delírio dos dias

 DALL·E 2025-02-06 15.17.35 - A surreal cityscape

 

A cidade palpita em ritmos desconexos,
grita sem ouvir,
corre sem saber para onde.

As vitrinas brilham,
refletindo rostos vazios,
sorrisos treinados,
olhos que se perdem
em écrans que nunca piscam.

O essencial dissolve-se
no ruído constante,
enterrado sob a poeira
do que brilha por um instante
e logo desaparece.

Erguem-se estátuas ao fútil,
enquanto a verdade é enterrada
com uma pá de indiferença.
O que é torto endireita-se na força do hábito,
o absurdo veste-se de rotina
e marcha como se sempre ali estivesse.

Aplaudem a ilusão,
coroam o vazio,
enquanto o que importa
jaz esquecido,
desfeito em ecos
que ninguém quer ouvir.

E seguimos, sem notar,
dançando no abismo,
celebrando a queda
convencidos de que estamos a voar.

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