Montalegre: Das bruxas aos DJs

 

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A sexta-feira 13 prometia um encontro com o sobrenatural, um mergulho nas profundezas do folclore em Montalegre. A promessa de uma noite fria, com bruxas a assombrar as ruas e o castelo como pano de fundo, era tentadora. Mas a realidade, como tantas vezes, revelou-se bem diferente.

A vila, habitualmente tranquila, estava tomada por uma multidĂŁo eufĂłrica. Bares a perder de vista, mĂșsica nas alturas e DJs a animar a festa. As bruxas, contudo, pareciam ter trocado a vassoura pelo copo e o caldeirĂŁo pelo altifalante. O ritual ancestral transformou-se numa espĂ©cie de festival de verĂŁo, com direito a tudo e mais alguma coisa, menos a magia que se esperava.

O momento mais solene foi a intervenção do padre Fontes. O espetåculo que se seguiu, embora visualmente apelativo, não conseguiu compensar as expetativas criadas. No final, a falta de organização e planeamento, conjugadas com a imprevisibilidade da multidão criaram um ambiente caótico que pouco ou nada teve a ver com a espiritualidade e o misticismo que se pretendia evocar.

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Apesar de tudo, a noite ficou marcada pela beleza do fogo de artifĂ­cio e pela iluminação do castelo, dois momentos que, por si sĂł, justificaram a deslocação. Mas a magia, a tradição e o mistĂ©rio que se esperava encontrar em Montalegre, na noite de sexta-feira 13, pareceram ter-se perdido entre a multidĂŁo, a mĂșsica alta e a demanda desenfreada por diversĂŁo. As bruxas, afinal, tambĂ©m gostam de mĂșsica e ĂĄlcool.

 

Em resumo: Montalegre na noite das bruxas? Uma experiĂȘncia que, apesar de visualmente apelativa, deixou muito a desejar no que toca Ă  autenticidade e Ă  experiĂȘncia mĂ­stica. A tradição, transformada em espetĂĄculo, perdeu-se na multidĂŁo e na procura desenfreada por diversĂŁo.

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