As cinzas da indiferença

 

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Mais um dia confinado nesta caixa de fósforo. O ar, antes fresco e convidativo, agora é um caldo espesso de cinzas e desespero. A janela, antes uma moldura para o mundo, agora é um quadro sombrio de um apocalipse particular. Os incêndios, como bestas famintas, roem a paisagem, deixando para trás um rasto de destruição e medo.
E pensar que tudo isto é obra de mãos humanas. Mãos que, sob a capa da noite, acendem o pavio da discórdia e se escondem atrás do fumo. Que tipo de pessoa se deleita em causar tanto sofrimento? Que tipo de mente perversa encontra prazer em transformar um paraíso em inferno?
Enquanto a cidade adormece sob um manto de cinzas, eu vejo-me preso num tédio insuportável. As horas arrastam-se como caracóis, e a cada minuto que passa, a angústia instala-se mais profundamente no meu peito. A falta de ar, a irritação nos olhos, a sensação de sufocar lentamente – tudo isso me leva a questionar a humanidade.
Esses incendiários, covardes e anónimos, são a face mais sombria da nossa sociedade. São os que se escondem atrás de máscaras, os que semeiam o caos e a desordem. São os que, por puro prazer ou vingança, destroem tudo o que encontram pela frente. E nós, os que somos vítimas das suas ações, ficamos à mercê de um destino cruel, presos nas nossas próprias casas, reféns do medo e da incerteza.
Mas uma coisa é certa: a natureza encontra sempre uma forma de se regenerar. As cinzas, por mais densas que sejam, não apagarão a chama da vida. E assim como a fénix renasce das cinzas, a esperança também encontrará um caminho para florescer entre tanta destruição.
Por enquanto, resta-me esperar. Esperar que o vento mude de direção, que a chuva caia e apague este inferno. Esperar que justiça seja feita e que esses incendiários sejam punidos. E esperar, acima de tudo, que a humanidade aprenda a valorizar o que tem antes que seja tarde demais.

 

Imagem criada por IA

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