A guerra devora tudo.
O chĂŁo encharcado de sangue
nĂŁo distingue herĂłis de covardes,
nem sonhos de cinzas.
Homens simples, arrancados das suas casas,
vestem fardas que pesam como correntes.
Aprendem a disparar antes de entender porquĂȘ,
aprendem a matar antes de lembrar quem sĂŁo.
O medo endurece-os,
a fome desumaniza-os,
e pouco a pouco, deixam de ser homens
tornam-se mĂĄquinas de obediĂȘncia,
marcham como espectros sem alma,
lutam nĂŁo por ideais,
mas porque morrer Ă© o Ășnico erro
que nĂŁo podem cometer.
A guerra nĂŁo lhes pertence.
Foi feita por outros,
por aqueles que nunca seguram uma arma,
que nunca sentem o frio da madrugada
entre corpos esquecidos no campo.
Esses, assistem de longe,
enriquecem com cada explosĂŁo,
com cada grito abafado pelo estrondo do canhĂŁo.
Para eles, a guerra não é tragédia,
Ă© um negĂłcio.
E quando a poeira assenta,
quando a terra engole os mortos,
os que sobreviveram nĂŁo voltam para casa.
Porque a casa ficou para trĂĄs,
junto com a parte deles
que um dia soube o que era ser humano.
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