O vazio das palavras

 

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Sento-me diante do papel em branco, e ele olha para mim com uma frieza quase desdenhosa. Espero que algo me visite — uma ideia, uma frase, um sopro de criatividade. Mas nada. Apenas silêncio. Recorro a todos os truques que conheço: ando pela sala, folheio livros, olho pela janela. Nem uma palavra. Nem um vestígio de inspiração.

Que raio! É como se a minha mente estivesse trancada por dentro, como se as palavras que um dia fluíram sem esforço agora tivessem medo de sair. Essa paralisia é irritante, sufocante. Tolhe-me o juízo e rouba-me a paz.

Tento forçar a escrita, mas as frases soam vazias, desajeitadas. Penso em desistir, mas algo dentro de mim resiste. Talvez a escrita seja isso mesmo: um constante embate entre o desejo de criar e o medo de falhar. Talvez a inspiração não bata à porta porque sou eu que preciso derrubá-la.

Fecho os olhos. Respiro fundo. E, mesmo sem querer, escrevo. Escrevo sobre o nada que me invade. Talvez, no fim, a falta de inspiração seja apenas mais uma forma de a arte se fazer ouvir.

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