HĂĄ dias em que as palavras fogem,
como pĂĄssaros assustados diante do vento.
Os versos, antes correntes vivas,
tornam-se poças estagnadas.
A mĂŁo pesa sobre o papel,
e a tinta, seca,
nĂŁo desenha mais mundos.
O que outrora era voz,
agora Ă© silĂȘncio.
Onde estĂĄs, musa errante?
Em que curvas te perdi?
Procuro-te nas sombras da manhĂŁ,
no sopro das ĂĄrvores,
nos olhos de quem passa.
Mas tudo Ă© mudo.
O poeta, quando desinspirado,
Ă© um viajante sem estrada.
Um mar sem horizonte,
um corpo que respira,
mas nĂŁo vive.
A falta dĂłi,
nĂŁo como a saudade de um amor,
mas como o esquecimento de si mesmo.
Sem a inspiração,
o poeta nĂŁo Ă© criador.
Ă ruĂna.
Ainda assim,
a pena espera,
quieta e paciente,
como quem sabe
que toda ausĂȘncia
carrega em si
a promessa do retorno.
0 ComentĂĄrios
Muito obrigado pelo seu comentĂĄrio.