O Vazio da Pena

 

top-view-hands-holding-notebook_Easy-Resize.com (1

HĂĄ dias em que as palavras fogem,
como pĂĄssaros assustados diante do vento.
Os versos, antes correntes vivas,
tornam-se poças estagnadas.

A mĂŁo pesa sobre o papel,
e a tinta, seca,
nĂŁo desenha mais mundos.
O que outrora era voz,
agora Ă© silĂȘncio.

Onde estĂĄs, musa errante?
Em que curvas te perdi?
Procuro-te nas sombras da manhĂŁ,
no sopro das ĂĄrvores,
nos olhos de quem passa.
Mas tudo Ă© mudo.

O poeta, quando desinspirado,
Ă© um viajante sem estrada.
Um mar sem horizonte,
um corpo que respira,
mas nĂŁo vive.

A falta dĂłi,
nĂŁo como a saudade de um amor,
mas como o esquecimento de si mesmo.
Sem a inspiração,
o poeta nĂŁo Ă© criador.
É ruína.

Ainda assim,
a pena espera,
quieta e paciente,
como quem sabe
que toda ausĂȘncia
carrega em si
a promessa do retorno.

 

imagem: https://br.freepik.com/fotos-gratis/vista-superior-maos-segurando-o-notebook_34241151.htm#fromView=search&page=1&position=46&uuid=af13fa34-c994-4380-a2f0-0deeebd2ec27

Enviar um comentĂĄrio

0 ComentĂĄrios