Reunião de amigos - Termas de S. Vicente




Naquele fim de tarde ensolarado, a esplanada do Café Quintãs, ecoava com risadas que desafiavam o tempo. Eram eles, os incansáveis companheiros de aventuras de outrora, reunidos numa celebração da amizade que nem os anos ousaram desvanecer. “Cabelos grisalhos” brilhavam ao sol como fios de prata, e as “carecas” reluziam com orgulho, cada uma contando uma história de vida. As “rugas”, que ameaçam aparecer, essas pequenas marcas do tempo, não são nada mais do que os sulcos de um mapa que nos guia para tesouros de memórias partilhadas.

Eles falavam alto, talvez porque a audição já não seja a mesma, ou talvez porque o coração queria fazer-se ouvir. Contavam piadas sobre a juventude, agora uma terra distante, mas cujas raízes seguem firmes e profundas, alimentando a árvore da amizade que só se torna mais frondosa com o passar dos anos.

Entre abraços e palmadinhas nas costas, falava-se dos que já partiram. "Estão aqui," dizia um, apontando para o peito, "aqui onde sempre estiveram." E assim, mesmo aqueles que haviam cruzado o véu da existência, sorriam em espírito, brindando à eternidade de um laço que nem a morte consegue romper.

As histórias fluíram como vinho, e o vinho, bem, esse fluiu ainda mais livremente. Falou-se de amores antigos, de aventuras de jovens que agora têm os seus próprios filhos, e de sonhos que ainda tinham a audácia de sonhar. E enquanto a lua atingiu o ponto mais alto, tingindo o céu de escuro, eles sabiam que, embora o dia terminasse, a amizade que compartilhavam era um sol que nunca se punha.

"Até ao próximo encontro!" gritamos ao despedir-nos, sabendo que, não importa quanto tempo passe ou a distância que nos separa, sempre encontraremos o caminho de volta uns para os outros. Porque amigos verdadeiros são estrelas que, mesmo na mais escura das noites, nunca deixam de brilhar.

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