O peso da palavra

A palavra rasga a pele do tempo,

É semente e tempestade,

fôlego que molda o tempo
e deixa marcas onde os pés não podem ir.

Não há grades que a contenham,
nem muros que a impeçam de voar.
Fere mais do que a lâmina,
cura mais do que a prece,
desperta os que dormem na sombra da submissão.

Carrega o peso dos séculos,
o fardo dos que sonharam antes de nós,
a fúria dos que não foram ouvidos,
o clamor dos que nunca se calarão.

A palavra liberta e aprisiona,
cicatriza e fere,
mas nunca se desfaz.
Mesmo quando esquecida,
vive no espaço entre os pensamentos,
no sussurro das vozes que ainda se ouvem
em cada página escrita à luz da esperança.

A escrita é insurreição,
é o grito que sobrevive às fogueiras,
o veneno dos tiranos,
a força dos que recusam o silêncio.

Cada letra é uma faísca,
cada página, um incêndio.
E aqueles que tentam apagá-la
não percebem
que é tarde demais.

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