São mestres da complacência, virtuosos da genuflexão, artistas do "sim, senhor". E não, não se lhes pode chamar cobardes! Cobardia implicaria ao menos um lampejo de consciência, um vislumbre daquilo que poderia ter sido. Mas não. Estes não vivem esmagados pela opressão, vivem abraçados a ela, embriagados pelo conforto de não precisarem de decidir. E que bela ilusão criam para si mesmos! Convencem-se de que são os realistas, os astutos, os que compreenderam o jogo da vida.
Acreditam que dignidade é um luxo dos tolos, que coragem é um capricho perigoso e que princípios são fardos desnecessários. Mas como se indignam quando alguém, um louco qualquer, se levanta! Como se revoltam ao ver um insensato desafiar o inevitável, afrontar o poder! Chamam-lhe irresponsável, dizem que estraga tudo, que perturba a ordem natural das coisas. Pois não sabe ele que o seu papel é ajoelhar-se com gratidão?
E assim seguem, geração após geração, dobrando a espinha com uma perícia admirável, ajustando-se aos ventos dos tempos, mudando de dono se necessário, mas nunca, jamais, cometendo a insensatez de se erguer. Afinal, a vida é curta, e nada é mais reconfortante do que viver sempre de joelhos – sobretudo quando já se esqueceram de como é andar de pé.
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