Ah, os bons velhos tempos

 


Ah, os bons velhos tempos do regime de Oliveira Salazar, onde a liberdade de expressão era tão abundante como ågua no deserto e a igualdade social tão palpåvel quanto um fantasma. Era uma época dourada, onde só os mais ilustres tinham o privilégio de soletrar "democracia'" e mesmo assim, em rumorejos, para não acordar a PIDE.

Educação? Uma maravilha! As escolas eram tĂŁo exclusivas que poucos podiam  gabar-se de frequentĂĄ-las. Afinal, para quĂȘ aprender a ler se as notĂ­cias mais interessantes eram permanentemente censuradas? E a carreira profissional, tĂŁo diversificada que se resumia a duas opçÔes: seguir os passos do pai ou... seguir os passos do pai.

Mas, oh, como éramos felizes! Divididos entre ricos e pobres, sim, mas unidos pelo sonho comum de um dia talvez vislumbrar o topo da pirùmide social através de um telescópio. E a censura? Essa não era um problema, era uma solução! Poupava-nos do trabalho de pensar, e quem precisa de opiniÔes quando se tem ordens?

Sim, os saudosistas suspiram por esses dias de glĂłria, quando a liberdade era apenas um rumor e a ignorĂąncia uma bĂȘnção. Que saudades, dizem eles, daqueles tempos simples, onde tudo o que precisĂĄvamos saber era o nosso lugar na sociedade. E que lugar! TĂŁo fixo e seguro como as grades de uma prisĂŁo.

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